quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Into the Wild – part I


Uma vida pacata, boas notas na faculdade e o primeiro entre os atletas da mesma idade. Auge da juventude, 22 anos, e algumas rebeldias reprimidas no âmago a ponto de explodir a qualquer momento. A solução? Largar todo conforto e praticidade, juntar algumas mudas de roupa, colocar na mochila e sair sem destino país afora sem lenço nem documento. Foi isso que fez Christopher J. McCandless. Em 1990.

O final de semana ia indo bem, bastante amor e felicidade, até que eu e a Alice decidimos pegar um filme para complementar a programação. Sábado, final de noite, quase todos os lançamentos já estavam fora quando surgiu a idéia de assistirmos “Na Natureza Selvagem”, um filme que anteriormente ouvimos a história e que agora surgia como opção. Inicialmente, relutei, mas cedi ao que parecia simplesmente mais um roteiro ‘baseado em uma história real’. Então começamos a assistir os 148 minutos do DVD. Cada troca de cena, entre um abraço apertado e outro, o filme ia prendendo mais e mais a atenção. Ao final, extasiado com aquela comovente história, comecei a relembrar fatos e a fazer uma reflexão – o que deve ter acontecido com muitos outros espectadores da obra dirigida por Sean Penn.

Mas vamos ao que interessa. Meados de setembro de 1992 quando chega a notícia de um corpo encontrado junto a um ônibus em uma área inóspita do Alasca, norte dos Estados Unidos. Intrigados em saber como aquele jovem morrera no local, as editores da revista Outside escalam Jon Krakauer para desvendar um pouco deste mistério e escrever um artigo sobre o assunto. Com a deadline apertada – como de praxe nos meios de comunicação – Krakauer escreveu um artigo de 9 mil caracteres publicado na edição de janeiro 1993 da Outside. Contudo, o fascínio do jornalista pelo caso extrapolou as barreiras da publicação e, depois de um ano seguindo os passos de McCandless, escreveu o livro “Into The Wild”, brilhantemente adapatado para o cinema por Sean Penn, interpretado por Emile Hirsch e com ótima trilha de Eddie Vedder (do Pearl Jam).

O Mistério de McCandless




Com a chegada do verão de 1990 nos Estados Unidos, se aproximavam as formaturas nas universidades. E foi logo após a sua graduação que Christopher J. McCandless – jovem de boas notas, de boa família e com um futuro brilhante pela frente – decidiu mudar o rumo de sua vida. Sem avisar nenhum de seus parentes, doou para caridade todos os 24 mil dólares que havia economizado durante o período de estudos, juntou algumas roupas e sai com seu velho carro em direção aos campos de trigo da Dakota do Sul. Depois de alguns dias, abandonou o carro, queimou o dinheiro e seguiu a pé seu destino, sem nenhum apego material.

Entre as andanças por variados estados foi conhecendo e mudando o destino de algumas pessoas. Apesar disso, nunca esquecera de seu principal objetivo: chegar ao Alasca. Passaram-se dois anos até a chegada ao local planejado. Em abril de 1992, Chris McCandless – ou Alex Supertramp como se auto batizara – enfim “caminhava em direção a natureza selvagem”. Com sua espingarda, câmera fotográfica, livros e diário passou situações extremas. Desde o prazer da mais pura liberdade até a dor de morrer de fome, abandonado no meio do nada. Antes disso, passados dois meses de solidão ele conseguira concluir o que havia chamado de “ultima batalha para vencer o falso ser interior e concluir com êxito a peregrinação espiritual”. Entre uma leitura e outra, escreve em seu diária a frase – que na minha opinião – é uma grande lição: HAPINESS IS ONLY REAL WHEN IT`S SHARED ( A felicidade só é verdadeira quando compartilhada).

Com a batalha concluída, parte para o final de sua aventura: o retorno triunfal para a civilização. Depois de alguns quilômetros entre a mata, chega ao rio onde há sessenta e sete dias antes havia cruzado sem maiores dificuldades. Porém, com as chuvas e o desgelo da montanha, a corredeira se tornara extensa e violenta, impossível de atravessar. Sozinho e apavorado, retorna para o ônibus onde residia. Com o passar das semanas, a caça foi migrando e a comida ficando escassa. Morrendo de fome, McCandless para em busca de plantas e ervas para recuperar a energia que gastara. Confuso, acaba comendo uma erva-daninha, extremamente venenosa, que ocasiona a sua morte.

No dia 6 de setembro de 1992, o corpo de Chris McCandless foi encontrado por um grupo de caçadores, provavelmente 19 dias após a sua morte.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

The Offspring


Um ano, 16 dias e um disco depois, os norte-americanos do Offspring voltaram a pisar em solo gaúcho para exibir seu sempre pegado punkrock. Como fora na apresentação de 2004, os gaúchos da Tequila Baby ficaram com a missão de aquecer o público presente no Pepsi On Stage. E o trabalho foi feito. Mesclando hits clássicos como Velhas Fotos, Sangue, Ouro e Pólvora, e Caindo com as novas músicas do recém-lançado “Lobos Não Usam Coleira”. Com as turbinas da moçada aquecida, era hora do grande show da noite. Por volta de 22h35, Dexter Holland (guitarra/vocal), Noodles(guitarra), Greg (baixo) e Pete Parada (bateria) fizeram a temperatura subir com o primeiro acorde de Stuff Is Messed Up, do novo álbum Rise and Fall, Rage and Grace.

Mas o que o público queria, na verdade, era um revival de todos os clássicos da banda. E ela veio logo na seqüência. Sem tempo para respirar, o grupo emendou All I Want e em seguida, empunhando sua guitarra, Dexter puxou o hit Come out and Play, fazendo a poeira subir na platéia. O que se viu a partir dali foi um show repleto de energia – apesar da idade já, levemente, avançada do grupo –, tendo o álbum americana como carro-chefe. Entre as executadas disco de 1998, destaque para as manjadas e adoradas Pretty Fly (for a White Guy), Why Don`t Get a Job e The Kids Aren`t Alright.

Mas como a banda não vive apenas do passado, os primeiros singles de Rise and Fall, Rage and Grace, também foram palhetados com grande competência. Entre os destaques, Hammerhead e You Gonna Go Far, Kid demonstrando que o amadurecimento também faz bem. Mas, como nem tudo é perfeito, um pequeno, digamos assim, deslise ficou por conta da balada Kristy, Are You Doing Okay?. Com um violão em mãos, Dexter parecia mais um cantar de emocore – estilo por vezes execrado pelo público – do que propriamente um dos precursores do new punkrock, surgido no inicio dos anos 90.

Por fim, depois de uma pequena pausa, o bis veio para coroar a grande noite do público gaúcho. Com três pegadas fortes, (I can't get my) Head Around You, Want You Bad e Self Esteem para deixar todos os presentes com sua auto-estima nas alturas e ir para a casa com os ouvidos anestesiados devido a uma overdose de boa música.
Fotos: Lucas Uebel